Camões e a Língua Portuguesa
by
Fan59
Last updated 5 years ago
Discipline:
Social Studies Subject:
History
Grade:
4,5,6


Vanda Anastácio, especialista em estudos camonianos, acredita que a identificação de Camões e da sua obra como símbolos da nação portuguesa datam do início da monarquia dual de Filipe II de Espanha. Aparentemente, o rei entendeu que seria de interesse prestigiá-los, como parte de sua política para garantir a legitimidade do seu reinado sobre os portugueses. Daí também a sua ordem para imprimir duas traduções em castelhano de Os Lusíadas em 1580, pelas universidades de Salamanca e Alcalá de Henares, e sem as submeter à censura da Igreja.
Por altura das comemorações do tricentenário da morte do poeta, (entre 8 e 10 de junho de 1880) a sua figura tornou-se um foco para a causa política e um motivo para reafirmações do valor português, numa época em que o país atravessava uma grande crise, era questionada a legitimidade da monarquia e haviam fortes reivindicações pela democracia. Já no Estado Novo, o poeta e a sua obra-prima tornaram-se instrumentos propagandísticos de consolidação do Estado, que divulgou a ideia de que Camões era não apenas um símbolo nacional, mas um símbolo cujo significado era tão particular à sensibilidade portuguesa que só poderia ser compreendido pelos próprios portugueses.
Camões e a Língua Portuguesa
Monumento ao poeta na Praça Luís de Camões, no Bairro Alto, em Lisboa.
Luís de Camões
Símbolo nacional
Citations:
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Esse movimento tinha como objetivos principais compensar o saudosismo dos tempos de glória e a perceção de Portugal como uma periferia pouco significativa da Europa, dando à sua história um sentido mais positivo, abrindo-lhe novas perspetivas de futuro.
Mas Camões tornou-se especialmente importante em Portugal no século XIX, quando alguns nomes importantes do Romantismo como Almeida Garret e Antero de Quental, imprimiram a Os Lusíadas um processo de releitura e mitificação que colocaram a obra como um símbolo da história e do destino que estaria reservado ao país. Até a biografia do poeta foi readaptada e romantizada para servir os interesses dominantes, introduzindo-se uma nota messiânica a seu respeito no imaginário popular da época.
Passados três anos da Revolução de abril de 1974 Camões foi associado publicamente às comunidades portuguesas de além-mar, tornando-se a data de sua morte o "Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas", com o objetivo de apagar a imagem de Portugal como um país colonizador e se criar um novo sentimento de identidade nacional que englobasse os muitos emigrantes portugueses espalhados pelo mundo.
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